Uma Perda Irreparável

Publicado em 20 de maio de 2021 por SMN.

Eduardo com familia

Com muita honra recebi o convite da Sociedade Mineira de Nefrologia para homenagear ao querido Eduardo Roberto da Silveira, em nome de todos os nefrologistas. Nosso primeiro contato se deu há quarenta e cinco anos, quando nos tornamos sócios, colegas de trabalho e principalmente amigos. Durante todos esses anos pude testemunhar sua trajetória de vida, que me fez admirar este ser humano exemplar. Qualquer adjetivo que signifique o bem, justiça, seriedade, integridade, humildade e excelência moral, pode ser usado para qualificá-lo. Eduardo era casado com Cristina Ranieri, que se comunicavam usando palavras carinhosas e demonstrando enorme admiração e respeito mútuos. Tiveram três filhos, Henrique, Érica e Flávia, que adoravam o pai. E eram adorados por ele.

Eduardo fez a sua formação em Clínica Médica e Nefrologia por cinco anos nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, iniciou o serviço de Nefrologia do Hospital Vera Cruz como único nefrologista, criando um serviço de Hemodiálise que funcionava no CTI. Nesse período realizou, com enorme coragem, um transplante renal, juntamente com as equipes de Cirurgia Vascular e Urologia. Em 1975 convidou-me e ao Dr. Roberto Salum— recém-chegados de nossas residências médicas em São Paulo — para formarmos uma equipe, que assumiu a Nefrologia de dois hospitais, Vera Cruz e Santa Rita, e pouco tempo depois do Hospital Socor. Foram criadas três clínicas de diálise ligadas a cada hospital, a Cenemge, Nefron e Clinemge. Nos primeiros anos esse grupo fundou um serviço de Residência em Nefrologia, que foi responsável pelo treinamento na especialidade de centenas de médicos. Dois deles passaram a integrar a equipe, Drs. Leidson e Geraldo Darcy. Nessa equipe, Eduardo era sempre ponderado em suas ações, e por vezes brincávamos que ele era nosso Gurú.  Ao mesmo tempo em que ouvia e aceitava todas as opiniões de todos, mostrava-se decidido e corajoso, dando-nos força e apoio para tomarmos decisões mais ousadas. Com os médicos em treinamento, era cordial, afável, sempre disposto a ajudar e a ensinar, e com capacidade única de oferecer, a cada um, o que precisava em cada momento. Além da formação científica, ensinava a ser médico de verdade, com conceitos profundos de conduta, ética, comportamento e postura pessoal.

Eduardo era um Nefrologista muito bem formado, com grande conhecimento científico, e com enorme senso clínico e empatia com seus pacientes. Como é próprio daqueles que são cientes de sua competência, era humilde e calmo. Sem pressa, ouvia e acolhia, e era querido e amado por todos aqueles que procuravam seus cuidados. Manteve os atendimentos em seu consultório particular até adoecer.

Hoje perdi um amigo, e um irmão — pois amigo apenas não seria uma definição correta para o que sinto em relação a ele.

Mario Antonio Mafra Macedo

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