Publicado em 16 de janeiro de 2017 por Allãn Passos.
A disfunção renal aguda ou crônica pode gerar a necessidade de tratamentos substitutivos da função renal para garantir a saúde e qualidade de vida do paciente. A hemodiálise é um tratamento bastante conhecido. Agora vamos conhecer mais sobre a Diálise Peritoneal, outra opção de tratamento.
Diferentemente da hemodiálise, quando o trabalho de substituição das funções dos rins doentes é feito por uma máquina, a diálise peritoneal consiste em um processo que ocorre dentro do corpo do paciente, com a utilização de um filtro natural como substituto da função renal, chamado peritônio. Daí a denominação do procedimento.
O peritônio é uma membrana – que está presente naturalmente no organismo humano – porosa e semipermeável, que reveste os principais órgãos abdominais. E o procedimento em si consiste na inserção de um cateter para drenar um liquido de diálise que é colocado no espaço entre esses órgãos, a chamada cavidade peritoneal. O cateter é inserido no organismo do paciente por meio de uma pequena cirurgia no abdômen, de maneira indolor e permanente.
Depois de um tempo na cavidade peritoneal, a solução de diálise é drenada e então entra em contato com o sangue. É aí que se inicia o processo de auxílio na remoção de substâncias acumuladas no sangue, como uréia, creatinina e potássio, e da eliminação do excesso de líquidos, em caso de dificuldade da função natural dos rins.
Existem vantagens e desvantagens tanto para o tratamento das doenças renais através da Diálise Peritoneal ou da Hemodiálise. Os resultados, no entanto, são muito parecidos e a escolha se baseia nas condições clínicas e da opção do próprio paciente. Nada impede, por exemplo, que o paciente faça um procedimento por um tempo e depois passe para o outro, independente da ordem, desde que as medidas sejam tomadas sob cuidados do médico nefrologista que acompanha o caso. Por isso é fundamental se inteirar de todos os detalhes dos procedimentos para uma escolha tranquila e segura.
A realização da Diálise Peritoneal, assim como para o caso da hemodiálise é indicada para pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica graves e o tratamento deve ser feito após orientação do médico especialista em doenças dos rins, o nefrologista, que analisa, entre outras questões: a dosagem de uréia, creatinina, potássio e ácidos no sangue; a quantidade de urina produzida durante 24 horas, além do cálculo da porcentagem de funcionamento dos rins e de uma avaliação de anemia.
A diálise peritoneal permite que o paciente faça o tratamento em casa, sem a necessidade de ir ao hospital para a realização do processo sendo dividido em duas modalidades.
Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC): realizada diariamente e de forma manual pelo próprio paciente ou familiar. Geralmente 4 trocas ao dia (manhã, almoço, tarde, noite), sendo que o tempo de troca leva aproximadamente 30 minutos. No período entre as trocas, o paciente fica livre das bolsas.
Diálise Peritoneal Automatizada (DPA): realizada todos os dias, normalmente à noite, em casa, utilizando uma pequena máquina, que infunde e drena o líquido, fazendo as trocas do mesmo. Antes de dormir, o paciente se conecta à máquina, que faz as trocas automaticamente de acordo com a prescrição médica. Se necessário, podem ser programadas “trocas manuais” durante o dia.
Fazer Diálise Peritoneal dói?
Não. No início do tratamento pode haver desconforto abdominal pela presença do líquido dentro da cavidade abdominal, mas a tendência é que ele desapareça com o tempo. Se a dor persistir o médico nefrologista deve ser comunicado para checar se há infecção ou mau posicionamento do cateter.
E quanto a dieta?
A Diálise Peritoneal substitui boa parte das funções realizadas por um rim, mas não todas. Por isso, quanto a alimentação, é fundamental seguir as recomendações e restrições para a ingestão de alimentos passadas pela equipe médica, já que a quantidade e tipos de líquidos e alimentos que o paciente pode ingerir varia caso a caso. Todas as clínicas de diálise têm equipes compostas por nutricionistas, enfermeiros e médicos para orientar o paciente para uma dieta específica de acordo com o caso em questão.
O paciente que faz diálise peritoneal pode trabalhar?
Sim. Desde que respeitados os horários e recomendações do tratamento. Além disso, existe uma lei Federal que regulamenta um auxilio financeiro do governo a pacientes portadores de doença renal crônica avançada em diálise.
E viajar?
Também. O paciente deve se atentar apenas para levar seu material para o procedimento. Para o caso de viagens de avião, a dica é solicitar à clínica um laudo de saúde para que a companhia aérea não cobre pelo excesso de peso devido ao material para a diálise peritoneal.
A diálise peritoneal permite ao paciente com doenças renais crônicas uma vida muito próxima da normalidade, com a possibilidade atividades cotidianas de trabalho, lazer e esporte. Assim que iniciado o tratamento, o paciente apresenta melhora em sintomas anteriores como falta de apetite, indisposição, cansaço e náuseas, o que contribui para o aumento da qualidade de vida.